A Lua e Seis Vinténs
Desejar a lua e ignorar a moeda que está caída aos nossos pés.
sábado, 5 de novembro de 2011
Again
Oh, no, I did it again. Bem que o meu primeiro psiquiatra me avisou relativamente à compulsão à repetição. Detesto ter que lhe dar razão.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Encontro e Perca
Dia 1. Ando ansiosamente até ao fundo do autocarro. O meu lugar favorito está livre. Fico mais aliviado. Há vários dias que isto não acontecia. Está calor. Abro o livro na última página do capítulo 49. É assim que está escrito: 49, numeração árabe. A história continua interessante. Viro a página para o capítulo 50 incautamente. Leio o primeiro parágrafo. Paro. Respiro. Não quero crer. Releio. Fecho o livro. Chegam as lágrimas. A fotografia desta página, com o número 50 no topo, nunca mais iria largar a minha memória.
Dia 2. No caminho da cozinha para o quarto, cruzo-me outra vez com o livro. Obrigatoriamente releio o título. Decido parar com a birra, pego no livro e levo-o para a cama. Tinha sido tanta a insistência para que o lesse que andava a evitar fazê-lo, num misto de medo e teimosia. Deito-me e abro na primeira página. Está frio e a primeira frase perturba-me. Sou tentado a fechar o livro de imediato mas resisto. Leio o parágrafo até ao fim. Fico a saber que a frase também perturba o personagem. Fico mais aliviado. Tenho companhia. Prossigo. Não paro. Não respiro. O sol nasce. O livro chega ao fim. Adormeço. Acordo muitas horas depois com a sensação de que sonhei a história.
Estes dois dias têm alguns anos a separá-los. No primeiro, sou forçado a parar de ler quando, para além de todas as expectativas, o personagem se encontra. Em rigor não é bem neste momento que paro, é um parágrafo à frente. No final do capítulo 49, o personagem encontra-se, a viagem chega ao fim. No início do capítulo 50, o autor transforma esse evento em algo universal, quase abstracto, passível de poder suceder a qualquer um. Sente-se esperança. No segundo dia, sou forçado a ler o livro até ao fim porque, neste, o personagem começa com o medo de se perder, com o autor a anunciar logo desde a primeira frase que tal vai acontecer. Sente-se raiva. Bastam poucas páginas para se perceber que se está a entrar numa viagem alucinante que só poderemos verdadeiramente acompanhar se nos predispusermos a perdermo-nos um pouco também. Como num sonho.
Encontro e Perca. Sempre que penso nisto lembro-me destes dois livros. O que só mais recentemente vim a perceber é que pode suceder o inverso: dou por mim a murmurar insistentemente duas frases e, com isso, percebo em que é que estou a pensar. Ao longo dos anos essas duas frases parecem ter passado a fazer parte da letra de uma mesma canção; às vezes parecem até ser duas partes da mesma frase separadas apenas por uma vírgula: "um homem vai parar a um lugar a que sente pertencer, desapareça aqui".
Por vezes um homem vai parar a um lugar a que logo sente pertencer. Aquela é a pátria que ele procurava e sente-se em casa entre cenários que nunca antes vira e gentes desconhecidas, como se desde sempre os tivesse conhecido. E aí, finalmente, encontra paz.
— A Lua e Seis Vinténs (William Somerset Maugham, 1919)
Tudo o que o cartaz diz é "Desapareça Aqui" e, apesar de provavelmente ser apenas publicidade a um resort, assusta-me um pouco na mesma e acelero a fundo e os pneus chiam quando arranco do semáforo.
— Menos Que Zero (Bret Easton Ellis, 1985)
Em 2001, foi feita uma nova tradução de The Moon and Sixpence. Passou a ser A Lua e Cinco Tostões. Curiosamente o euro já estava em vigor, ainda que só no ano a seguir passassem a circular as moedas e as notas. Seja como for, continuo a preferir o título da primeira tradução: A Lua e Seis Vinténs. (Sim, sem itálico.)
sábado, 17 de setembro de 2011
The Razor's Edge
The sharp edge of a razor is difficult to pass over; thus the wise say the path to Salvation is hard.
— Katha-Upanishad (via W. Somerset Maugham)
— Katha-Upanishad (via W. Somerset Maugham)
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